rodrigo mathias

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centro islâmico do rio grande do sul | mesquita abu bakr
projeto final de graduação ufrgs
prêmio iab-rs josé albano volkmer 2009
prêmio opera prima 2010 
indicado para o archiprix international 2011
2009


o islamismo, apesar de pouco conhecido e cercado de preconceitos no mundo ocidental, é a fé de um

número cada vez maior de brasileiros, com uma expressiva comunidade no rio grande do sul. porto
alegre conta, desde a década de 90, com um centro islâmico que reúne algumas centenas de seguidores.
esse local, uma sala comercial no centro da cidade, dispõe de área insuficiente para o programa e
localização inadequada para as atividades religiosas.

propõe-se, assim, um novo centro islâmico, com os seguintes objetivos: prover à comunidade muçulmana
gaúcha um espaço adequado para culto, convívio e confraternização; permitir a interação cultural
desta com a sociedade como um todo; e legitimar a sua presença como parte integrante da cultura
rio-grandense, tornando-a visualmente reconhecível através de uma construção arquitetônica simbólica.

o sítio escolhido reflete a ambiguidade do programa, dividido em atividades religiosas e culturais,

pois combina a tranquilidade para meditação e oração com a visibilidade e acessibilidade exigidas
por um centro que pretende ser ícone e embaixada de uma cultura. junto ao parque farroupilha - grande
praça cívica da cidade -, ele corrobora com a ideia de uma religião que abriga seus fiéis e se abre
para a comunidade.

essa dualidade se faz presente também na divisão do terreno e no partido arquitetônico decorrente:
a mesquita com seu jardim, espaço de abluções e apoio correspondendo à parte mais reservada; e o
prédio cultural com auditório, biblioteca, sala multiuso e casa de chá na porção mais pública do
lote, disposto ao longo da avenida. o projeto assim descortina-se à medida que é percorrido, a
começar pela fachada de muxarabis, primeiro filtro em relação à cidade. o centro cultural é o grande
hall do projeto e a partir dele distribuem-se atividades voltadas à comunidade em geral, enquanto o
acesso à mesquita é mais reservado e atravessa o jardim com as 5 árvores que simbolizam os 5 pilares
da religião islâmica.

todas as formas são prismas puros, especialmente o templo, um cubo, que remete à cúpula tradicional.
essa limpeza conceitual e arquitetônica potencializa o caráter simbólico do projeto. por este motivo,
o estacionamento é subterrâneo e não cria nenhum volume excedente ou anteparo visual. clareza
plástica e despojamento alinham-se com a criação de níveis de privacidade e reclusão, respondendo
a um traço da cultura muçulmana – que nunca é explícita, mas vai se revelando aos poucos.

a particularidade do projeto é justamente o entendimento e respeito às tradições e rituais e a sua
releitura para uma construção do século XXI. o giro do templo deve-se ao seu alinhamento com a cidade
sagrada de meca, para onde os fiéis se direcionam nas suas 5 orações diárias. partes tradicionais das
mesquitas, como cúpula e minaretes, são reinterpretados; o ornamento é pensado como elemento
arquitetônico; e os três únicos ítens indispensáveis no templo muçulmano - qibla, mihrab e minbar -
são trazidos à sua essência, reportando à austeridade da mesquita original e à simplicidade da
mensagem religiosa.


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